17 janeiro 2014

Sobre a estratégia de Passos Coelho

1) 2014 não é o ano dos 40 anos do 25 de Abril mas do PSD;

2) a fertilidade e a natalidade merecem um programa a 10 anos (para daqui a 20 anos estarem os jovens a emigrar?), por causa das pensões - não do crescimento económico do país...

3) vamos apostar, depois da agricultura e do turismo (crescimento de 8 e 7%, respectivamente, sobre algo que não sabemos), no fomento industrial. Isto quando se fecham estaleiros... Se é sobre o novo banco, é bom saber que esse dinheiro estava disponível há pelo menos dois anos, que no ano passado essas verbas não foram arrebanhadas por falta de PSDs competentes para o fazer (diz-me quem sabe) e que o BEI não o queria assim entregar às nossas fantásticas instituições bancárias - que preferem a burocracia de lidar com um milhão de euros a gerir 10 projectos de 100 mil euros ou 100 de 10 mil euros, com taxas de juro que o BEI não queria... Mas, e como também não há capital de risco em Portugal, lá se renderam à evidência;

4) sobre a investigação científica, a sua posição é exactamente a mesma de Cavaco Silva no seu primeiro mandato (anos 80 do século passado): I&D nas empresas sim, ciências sociais e humanas ou outras sem interesse de aplicabilidade imediata nas empresas não devem ser co-financiadas pelo Estado. À conta destas ideias que não funcionam em Portugal mas sim num mercado como a Alemanha (e que Coelho quase aponta como sendo suas), convém saber que isto está no programa Horizon 2020, não é originalidade portuguesa;

5) temos um primeiro-ministro que olha para os números, para os mercados. É assim, ponto. Os seres humanos, a sociedade, a política no seu melhor, não existem.

O problema é que este "homem novo" existe - e vai ser re-eleito em 2015, quando quem vota não se lembrar do que foram estes dois últimos anos -, entretanto massacrados mediaticamente pelo sucesso económico nacional do regresso aos mercados.

Como alguém disse em 2012, "com um terço da população exterminada, um terço anestesiado e um terço comprado, o país pode voltar a ser estável e viável".