03 agosto 2013

Portas da memória: da extrema-direita para o centro da social-democracia

(Do Público, de 24 de Abril de 2002, copiado do pt.soc.politica):

Jornal Alemão Compara Paulo Portas a Haider e Le Pen
Por HELENA FERRO GOUVEIA, Frankfurt

Líder do CDS/PP acusado de prosseguir uma estratégia e uma política antieuropeia e excessivamente populista

O ministro da Defesa português, Paulo Portas, tem um sério problema de imagem na Alemanha. Não é a primeira vez que os "media" germânicos atacam Portas ou traçam um paralelismo entre o seu discurso e o da direita mais extrema. Ontem, porém, ter-se-á atingido o píncaro das comparações: numa só página de jornal, o líder do CDS-PP é equiparado ao austríaco Joerg Haider e ao candidato presidencial francês Jean-Marie Le Pen.

"As criancinhas em Lisboa poderão em breve cantar o hino todas as manhãs em pé. Que esse acto não contribua para reforçar o pensamento de integração europeia é indiferente para Paulo Portas", escrevia ontem o "Handelsblatt". Este prestigiado diário económico alemão abria o artigo principal do destaque - na sua página dois - sobre a direita populista na Europa, com o "caso português"." Populistas de direita do tipo de um Portas ou de um Jean-Marie Le Pen apostam em tiradas nacionalistas e têm êxito", prosseguia o diário.

Para ilustrar o texto, o "Handelsblatt" optou por um mapa da Europa no qual os democratas-cristãos de Paulo Portas surgem na companhia da Frente Nacional, do FPOe, do Vlaams Blok, do Danks Folkeparti e de várias outras formações políticas de extrema-direita.

Ao lado da prosa principal, uma coluna, intitulada "a hora dos populistas", elucidava os leitores sobre os diversos líderes da extrema-direita na Europa. A primeira peça desta coluna era dedicada ao governador da Caríntia, Joerg Haider, seguindo-se um texto sobre o italiano Umberto Bossi, outro sobre os nacionalistas na Escandinávia, um quarto artigo sobre o extravagante Pim Fortuyn holandês e, por um fim, um texto sobre o "antieuropeísmo" do ministro da Defesa português. "Com uma campanha antieuropeia, Portas conseguiu conquistar 8,8 por cento de votos. O Partido Popular português desenvolveu-se nos anos 90, seguindo o modelo do FPOe austríaco, no sentido de um partido de direita populista. Portas gosta de se ver no papel do provocador e usa com frequência um tom nacionalista ao qual os portugueses estavam habituados durante a ditadura salazarista."