24 agosto 2012

Podemos voltar ao que interessa?

Um pouco de cronologia: o Público ontem revelou que “Grupo angolano cria empresa para comprar canal da RTP”. A notícia mal chega a ter impacto porque, à tarde, o Sol (detido por capitais angolanos) noticia que “Governo concessiona RTP1 e fecha RTP2” e, à noite na TVI, o assessor do primeiro-ministro, António Borges, fala de como o governo está interessado na solução que o Sol iria noticiar hoje - mas ressalvando que "há vários cenários em cima da mesa". Esta manhã, um assessor do ministro Miguel Relvas - mas não o ministro que tutela a comunicação social… - diz que é uma hipótese que pode permitir “ao Governo «reduzir os encargos públicos» com a estação de televisão, garantindo a «propriedade pública»”. O parceiro da coligação governamental CDS desmarca-se de tudo isto, com o ministro Pedro Mota Soares a comentar na SIC que não comenta assessores e comentadores mas a explicar que o assunto ainda não foi tratado ao nível do governo. (Nota: esta solução é contrária ao que o PSD defendeu no seu programa eleitoral e à que está inscrita no programa do Governo.)
Perante isto tudo (e ainda falta o Expresso amanhã…), resta uma pequena questão: na introdução da peça do Público de ontem, na versão em papel, é dito que, “No mercado, a estratégia parece ser lançar versões contraditórias sobre o interesse angolano numa frequência da RTP”. Não está na altura do responsável da comunicação social em Portugal dar a cara e esclarecer se há ou não “versões contraditórias”, se tudo se encaminha para a solução “um canal, um grupo, uma concessão de serviço público” ou se tudo não passa de uma estratégia para aumentar o valor da venda/concessão. Ou, de uma forma mais simples, se o governo tem ou não uma estratégia para a comunicação social no país.
[actualização: a RTP "está já preparada para viver sem a indemnização compensatória, transferida do Orçamento de Estado, e apenas com as receitas comerciais e com a taxa audiovisual, que no cenário avançado por António Borges será entregue ao privado que ficar com a concessão", diz Hugo Andrade, responsável pela programação da RTP.]