26 setembro 2008

Contra factos é que há argumentos

A ERC está mais ágil: demorou nove meses a entregar os documentos pedidos pelo Expresso e só após pedido dilatório à CADA (a ERC não sabia que "resulta claro da leitura dos Estatutos da ERC e do respectivo diploma preambular (Lei nº 53/2005, de 8 de Novembro) que não incide sobre aquela entidade o dever de guardar segredo relativamente aos depoimentos prestados"?), levou quatro dias após a notícia do Expresso a divulgar publicamente os documentos com as audições mas apenas um dia a responder ao blogue Blasfémias. Temos regulador...


Da manipulação: A única razão plausível é a de que manipulou o tempo de divulgação de um dossier incómodo para o primeiro-ministro, o que é uma atitude intolerável, ilegítima e abusiva. O que espera a Assembleia da Repúbica para os demitir com justa causa?

RE: Da manipulação [por Estrela Serrano, ERC]: É um dado de facto, e de natureza puramente objectiva, que após autorização da CADA a ERC demorou nove meses a entregar ao Expresso os documentos solicitados. Como diz o outro, contra factos não há argumentos…Acontece, porém, que neste caso há argumentos. Só que, ao contrário do que desesperadamente acreditou, muito longe dos contornos de uma qualquer teoria da conspiração, do esconder, de uma entidade cavernícola a gerir maldosamente a demora para impedir o “pobre” jornalista de exercer a sua função! O atraso, como disse, objectivo e, naturalmente, excessivo, deveu-se, isso sim, a motivos tão prosaicos que, se, e quando, forem conhecidos, criarão grande frustração nos impolutos analistas que hoje bramam contra a ERC. A seu tempo, e se a divulgação das razões do atraso vierem a revelar-se mais importantes do que outros valores que poderão ficar em causa com essa revelação, as razões do atraso serão ditas. Neste ponto, portanto a sua dúvida justificava-se. Mas não, com certeza, a forma quase indecorosa como formou, primariamente e sem mais, a sua convicção sobre as “razões” da ERC.

Ou foi uma gravidez de risco ou atolamento do papel: A resposta de Estrela Serrano a Gabriel Siva é um exemplo de como o regulador acha que não se deve falar nem comentar unicamente porque o regulador diz que existem argumentos que ele, regulador, não nos pode dizer quais são, apesar de prosaicos, mas que nós na nossa tolice passamos a vida a imaginar que são bem diversos daquilo que o regulador, omnisciente, conhece.

Re: Re: Da manipulação: Vejamos, a ERC demora 9 meses a entregar à imprensa um dossier sensível politicamente, sem que seja apresentada qualquer justificativa. Mesmo agora, arroga-se na discricionaridade de decidir do «se» e «quando» divulgar de tais razões, remetendo para justificativas evasivas. Por mim, um organismo público como a ERC, com as referidas atribuições de «Assegurar o livre exercício do direito à informação e à liberdade de imprensa», estando sob suspeição das suas intenções quanto ao atraso e ao timing da divulgação de informação que era obrigada a difundir, é que está a colocar «valores em causa».

"A honra: alguém se lembra?" A ERC, teve um processo Sócrates, para saber se este indivíduo, também como primeiro-ministro, e os seus pressurosos assessores de imprensa, os ditos Bernardo & Damião, tinham pressionado ilegitimamente os media, no sentido de evitarem notícias vindas do "bas-fond" da blogosfera.
Pressionaram nada, disse então a ERC. Pressões deste género são mato, nesta actividade. Vulgares. Correntes, como a água que branqueia a sujidade. O mais que o PM e sus muchachos fizeram, foram algumas "démarches" ( sic), para controlar os rumores vindos do "bas-fond".

[act.: Também o presidente da ERC anda a responder a blogues mas neste assunto PP não tem razão porque a SIC fez o mesmo.]

[act. a 28 Setembro: Estrela Serrano respondeu ontem ao Expresso e Azeredo Lopes explica hoje no DN a que se deveu o atraso na facultação dos documentos: Desde logo, nem o jornalista, ao contrário do que tem sido afirmado, se queixou à CADA, nem o atraso foi de nove meses, mas de menos de sete, cabendo aos jornalistas do Expresso fazer no futuro melhor as contas.

Mas estes aspectos não têm, para o que realmente interessa, nenhuma importância, nem afectam a avaliação que deve ser feita do atraso. Fosse de nove meses, como não foi, ou de sete meses, como foi, a demora é, evidentemente, criticável, e, como presidente da ERC, assumo o facto e respondo por ele, uma vez que, objectivamente, demonstra ineficiência do regulador, que deve ser corrigida. Ocorreram, porém, atrasos na obtenção da assinatura das actas de todos os membros do Conselho Regulador, bem como de várias declarações de voto que estavam anunciadas mas demoraram a ser entregues. "Normal", em meu entender, pela divergência de opiniões, viva e saudável, que se verificou em caso tão difícil. "Anormal", porque prejudicou o acesso à informação solicitada.

Mas presumir, sem sequer perguntar e inquirir, que o atraso se deveu a uma vontade deliberada demonstra mau trabalho jornalístico e uma ideia preconcebida sobre a ERC que me sinto obrigado a denunciar.
]

[act. a 29 Setembro: Salpicos de uma “pressão ilegítima”: Deveria ter o PÚBLICO revelado uma notícia relevante politicamente e na vida do jornal? & ERC que...]