03 abril 2008

Coisas difíceis de entender, para mim (António Borges, Goldman Sachs e a EDP)

António Borges disse o seguinte ao Público:
"Em 2005, fui ao Congresso do PSD e apresentei uma moção onde me disponibilizei para ajudar o PSD a ter uma oposição mais activa em relação ao Governo. O congresso teve lugar no fim-de-semana e na segunda-feira, logo de manhã, fui chamado ao gabinete do ministro Manuel Pinho que me comunicou que todos os contratos com a Goldman Sachs [GS] estavam cancelados a partir daquele momento."

Sobre os montantes dos contratos, diz: "Eram contratos importantes que vinham detrás e que tinham sido celebrados, nomeadamente, para ajudar à reestruturação do sector energético. Os contratos viriam a ser retomados por outros bancos de investimento. Normalmente até teríamos em termos contratuais uma série de direitos que foram rapidamente postos de lado."

Finalmente, sobre a "retaliação do Governo", explica: "Há cerca de dois anos atrás [2006?], quando houve a mudança de presidência na EDP, uma empresa que eu conhecia bem, numa intervenção pública manifestei a minha oposição à maneira como as coisas foram conduzidas. Nessa altura houve da parte do Governo uma intervenção absolutamente extraordinária porque exigia uma apresentação de um pedido de desculpa pelas minhas palavras, com a implicitação evidente de que, caso contrário, nunca mais haveria trabalho para a GS em Portugal. Aliás, como nunca mais houve", nomeadamente "de empresas com presença estatal, mesmo minoritária, ou com golden shares."

Como refere o Correio da Manhã, "a 6 de Abril de 2005, já no Governo de José Sócrates, a Parpública propõe a denúncia do contrato. O Congresso do PSD realizou-se entre 8 e 10 de Abril, em Pombal. Para terminar o contrato com a GS foi invocado o chumbo da Comissão Europeia (CE) ao plano de reestruturação do sector energético do ministro da Economia, Carlos Tavares. Como a CE não aprovou a concentração do negócio do gás natural na EDP, considerou-se que 'não fazia sentido continuar o contrato a GS'".

Ora se tudo isto foi assim, como é que a EDP adquiriu à GS a Horizon Wind Energy a 27 de Março de 2007 (formalizada a 2 de Julho de 2007), "numa transacção que valoriza os capitais próprios da Horizon em 2,15 mil milhões de dólares (1,61 mil milhões de euros)" e duplicou a aquisição da GS ("Goldman Sachs bought Horizon Wind Energy two years ago for less than $1 billion and appears set to make a healthy profit")?

O presidente da EDP "salienta que a maior operação financeira da empresa, a compra da norte-americana Horizon, nos últimos dois anos foi precisamente com a Goldman Sachs."

António Borges enganou-se? Ou toda esta história está muito mal contada?