15 março 2004

ECOPOL

Custa ler as últimas frases do texto de Pedro Oliveira: "Ora, é nestas matérias que a esquerda terá, a meu ver, de rever algumas das duas posições tradicionais. Sob a pena de deixar que a direita populista explore a seu bel-prazer a ansiedade do público e monopolize por inteiro o discurso securitário. É claro que, em muitas circunstâncias, os princípios do Estado de direito poderão ser severamente postos à prova pelos métodos de actuação das forças policiais e dos serviços secretos. Mas isso é algo com que temos de ir vivendo. Apesar de tudo, a ameaça terrorista não é um fenómeno inteiramente novo (o que é verdadeiramente novo é a escala dessa ameaça) e nós temos exemplos de democracias (como a britânica) que desde há várias décadas têm sido capazes de gerir esse equilíbrio incerto sem um prejuízo demasiado gravoso para a liberdade individual."

Porque é claro que a direita populista explora o discurso securitário, é mais uma razão para a esquerda não-populista não o fazer. Que se dane o monopólio do discurso securitário! Não é virar costas aos problemas, é não prejudicar os cidadãos em nome de uma segurança perniciosa com um leque alargado de soluções de efeitos duvidosos, nomeadamente dando "exemplos de democracias (como a britânica) que desde há várias décadas têm sido capazes de gerir esse equilíbrio incerto sem um prejuízo demasiado gravoso para a liberdade individual". Logo a britânica!!!!, uma sociedade que teve problemas de terrorismo interno durante décadas e é a mais vídeovigiada sem que se consiga descortinar o efeito positivo dessa vigilância no simples roubo urbano.

A melhor resposta sobre a questão da "Liberdade e segurança" vem da citação da Rua da Judiaria: “Aqueles dispostos a abdicar da essencial liberdade em troca de uma segurança temporária, não merecem nem liberdade nem segurança.” Benjamin Franklin, “Historical Review”, 1759